Muitas pessoas acham que cannabis é apenas um gênero de plantas que serve exclusivamente para a extração da droga “nociva à saúde humana” conhecida popularmente como maconha. Também acham que esta planta deveria permanecer proibida para sempre.
Mal sabem esses indivíduos da bela história de mais de 9000 anos da convivência entre os seres humanos e essa planta. Mal sabem também dos inúmeros usos da mesma.
Pode-se tirar da cannabis material para tecidos, para cordas muito resistentes, velas de navios; pode-se fabricar medicamentos para diversos tipos de enfermidades com seus óleos; pode-se extrair bio-diesel desta planta; pode-se fazer papel com ela.
A história do cultivo da maconha pelos seres humanos começou, acredita-se, por volta de 7000-8000 a.c., e acredita-se que o primeiro tecido fabricado pelo homem tenha sido feito da fibra de cannabis, conhecida na língua portuguesa como cânhamo.
Na China, por volta de 6000 a.c., há documentação do uso da semente de maconha como alimento. Essa semente é um alimento muito nutritivo, na realidade, e contém uma série de nutrientes essenciais ao homem, além de muita energia. Na tradição budista, acredita-se que Buda tenha passado os anos anteriores a sua “iluminação” se alimentando com apenas uma semente de maconha por dia.
Em 2727 a.c., também na China, foi documentado o uso da cannabis como medicação para uma série de doenças. Também na Índia, algum tempo depois, o uso médico dessa mesma planta é documentado.
Por volta de 900-1000 d.c., se torna popular o uso da maconha como fumo no Oriente Médio, principalmente entre os árabes islâmicos, proibidos de beber pelo Alcorão, seu livro sagrado.
Em 1492, a cannabis é trazida para a América por Cristóvão Colombo. Futuramente seria uma das plantas mais cultivadas na América do Norte, trazendo grandes riquezas para a região.
Em 1500, as cordas e velas das naus comandadas por Pedro Álvares Cabral em sua expedição descobridora do Brasil eram feitas de fibra de cânhamo.
A planta de maconha foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos, no século XIV, e era usada por eles principalmente como fumo. Na época em que a cana-de-açúcar era o principal produto de exportação brasileiro, a grande maioria dos canaviais possuía também plantações de maconha, para o uso dos escravos. A própria palavra “maconha” tem origem no dialeto quimbundo, africano.
A Declaração da Independência dos Estados Unidos da América foi escrita em papel feito de cannabis. George Washington e Thomas Jefferson, respectivamente o primeiro e o terceiro presidentes desse mesmo país, cultivavam maconha largamente em suas propriedades.
Em 1908 Henry Ford cria um Ford modelo T feito com plástico de cannabis e cujo motor funcionava a óleo desta mesma planta.
Depois de 9000 anos de uso irrestrito da erva, em meados do século XX, começam a aparecer as proibições ao plantio e ao seu consumo. Em 1931, o Brasil a criminaliza, e em 1937, os Estados Unidos também o fazem.
No século passado, a opinião pública mudou bastante a respeito da erva. Muitas informações falsas foram passadas ao grande público pela mídia, em todo o mundo ocidental e em grande parte do mundo oriental também.
Grandes problemas surgiram ou se agravaram graças à proibição sem fundamentos da maconha. Marginalização do usuário, superlotação dos sistemas penitenciários de vários países, notoriamente Estados Unidos e Brasil, aumento do tráfico de drogas, resultando em violência e perdas desnecessárias de vidas por todo o mundo são alguns deles.
Felizmente, no fim do século XX e começo do século XXI, alguns países começaram a experimentar políticas menos repressivas em relação ao consumo da diamba. O exemplo mais lembrado é a Holanda, que criou espaços próprios para o consumo, os “coffee shops”, regulados estritamente pelo governo. A nova política tem mostrado resultados muito positivos ao longo dos anos.
Espero que o texto o tenha ajudado a perceber a real essência da cannabis, e o tenha esclarecido mais sobre a rica história dessa planta que foi, é, e sempre será muito importante para a humanidade.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
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